Sunday, July 13, 2014

Trabalhar e envelhecer

O fim-de-semana está quase a terminar e, aproxima-se mais uma semana de voluntariado. Sinceramente, ando a ficar cansada das coisas dramáticas e exageradas que surgem naquele JI. Uma das coisas que mais me revolta é eu andar a tapar buracos, quando sei que estaão a precisar de funcionários. Bem, eu fui fazer voluntariado com a intenção de ganhar experiência na minha área, ter uma educadora ao meu lado, que me explicasse melhor como as coisas funcionam na prática. Pois, mas não é esse o caso. Estou numa sala de berçário, onde não existe nenhuma educadora para me orientar, trabalho tanto ou mais como as auxiliares que lá se encontram, mas continuo, de certa forma, invisível aos olhos da instituição. Sei que faço falta naquela sala e andam com ideias em colocar-me numa outra sala de bebés porque precisam de alguém lá (mas sempre como voluntária). Não sei até que ponto fiz bem em meter-me nisto, afinal de contas, não estou a aprender nada. Se algum dia pensarem em fazer voluntariado, tenham a certeza de onde se estão a meter. 
Esta semana, houve uma situação que me deixou completamente de rastos. A minha vontade foi pegar nas minhas coisinhas e ir embora. Quem é educador ou auxiliar numa sala, que se encontre diariamente nela, conhece bem as crianças que tem e sabe que todas são diferentes. Cada criança tem a sua maneira de comer, a sua maneira de brincar, a sua maneira de adormecer, etc... Na minha inocência, fiz referência à maneira como conseguia adormecer um dos bebés da sala. O bebé adormece ao ser abanado, obviamente que não é abana-lo com violência!!!!!! Para quem me conhece, sabe que não faria mal nenhum a uma criança! Conclusão, uma das pessoas que ouviu, pertence à direção e, uma semana depois, lembrou-se e dirigiu-se à sala onde estou e falou com uma das auxiliares sobre o meu comentário. Essa auxiliar, mais tarde, questionou-me sobre a forma como eu adormecia a criança, e eu expliquei. Praticamente, essa pessoa da direção, deu a entender, que eu adormecia a criança com violência e se fazia isso, era porque todas as pessoas da sala também o faziam e eu apenas as imitava (é preciso uma paciência para os exageros daquela instituição). O pior de tudo, é que essa pessoa da direção nem sequer teve a ousadia de falar diretamente comigo para tentar esclarecer como foi exatamente o meu comentário e os gestos que fiz, enquanto explicava a situação. Eu sou um boneco de imitação naquela sala, não posso ter iniciativa de nada, tenho de fazer tudo conforme o que elas mandam. A sério??? Se eu vejo que um bebé está aborrecido, eu vou buscar a espreguiçadeira e adormeço-o. Se um bebé tem cócó, não fico à espera que me mandem trocar a fralda, simplesmente pego no bebé e mudo-lhe a fralda. Não fico à espera que me digam para o fazer. Às vezes acho que as pessoas se esquecem que eu sou educadora de infância, que já tive estágios e que, no mínimo, sei como se cuida de uma criança. Só as pessoas que trabalham diretamente comigo é que sabem dar valor ao meu esforço, porque mais ninguém dá. Pensam que sou voluntária porque quero e eu acho que já não é porque quero, mas por obrigação, para tentar chegar a algum lado neste país. Não sei se irei aguentar mais tempo... estou como voluntária, enervo-me com as coisas que se passam e ainda tenho de levar com dramas.

Última semana com 24 anos... como o tempo passa a correr. Ainda há pouco tempo estava com 18, hummm... ando a saltar anos? Se pudesse descrever os meus 24 anos, numa palavra, eu usaria a palavra CONFUSÃO. A minha vida está uma autêntica confusão... é no amor, na saúde, no trabalho, no dinheiro, em tudo... No amor, porque estou tão apaixonada por esta pessoa que, à partida parece demonstrar que gosta de mim e depois, as coisas mudam tão rapidamente, e ele parece já nem querer ser meu amigo. Eu sei que existe uma outra rapariga, que o faz delirar, mas ela não o quer, nem sequer gosta dele da mesma forma como eu gosto. Na saúde, porque desde que comecei a fazer voluntariado tenho perdido algum peso, mas mesmo muito lentamente. No trabalho, pelas razões que já expliquei anteriormente, e porque apesar daquilo ser um trabalho, não é um emprego. Dinheiro, porque preciso de um emprego para iniciar a minha vida, comprar um carro, alugar uma casa, viajar... Espero mesmo que nos 25 anos, a palavra que defina essa idade seja CONCRETIZAÇÃO. :)

Até breve.

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